Nova variedade de batata-doce

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Nova batata-doce da UNESP é rica em vitamina A

Escrito por: Fernanda Ortiz

Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (UNESP) desenvolveram uma nova variedade de batata-doce com potencial para combater a deficiência de vitamina A. Esta condição pode causar enfraquecimento do sistema imunológico, infecções por baixa imunidade, atraso no crescimento, anemia e inflamações na pele. O novo tubérculo também pode ser uma alternativa acessível para a suplementação de grupos em situação de vulnerabilidade socioeconômica, a exemplo de comunidades quilombolas. Além disso, tem a capacidade de ser uma fonte de renda para pequenos produtores.

Com polpa do tipo alaranjada, formato mais longo, mais firme e sequinha, a nova batata-doce possui até 50% mais de betacarotenos, uma das principais fontes de vitamina A para o organismo, quando comparada a outras variedades. O engenheiro agrônomo Pablo Forlan Vargas, docente da Faculdade de Ciências Agrárias do Vale do Ribeira da UNESP, em Registro (SP), é o principal responsável pela nova variedade de batata-doce. “Além disso, a capacidade produtiva dessa nova variedade é superior à média nacional, chegando a cerca de 45 toneladas por hectare, frente a aproximadamente 15 toneladas dos produtos atuais”, acentua.

Para avaliar a aceitação do público, os pesquisadores realizaram uma série de ações para apresentar a nova variedade de batata-doce aos potenciais consumidores. Uma delas foi no campus de Jaboticabal (SP) da UNESP, onde alunos, funcionários, docentes e visitantes provaram às cegas o novo alimento. Após cozidas, as amostras foram oferecidas para degustação. “Em relação a sabor, textura e aspecto geral, a nova variedade foi aprovada e as notas obtidas foram melhores do que as recebidas pela batata-doce convencional”, observa o docente.

Outras atividades foram realizadas para apresentar a nova variedade de batata-doce no Quilombo Peropava, em Registro, e na Associação Rural Comunitária de Promoção Humana e Proteção à Natureza, em Tapiraí, interior de São Paulo. O engenheiro agrônomo lembra que, além de ser consumida cozida, outros pratos podem ser preparados com o tubérculo, como pães, tortas, suco, sequilhos e pudim.

Três Marias

Três variedades da nova batata-doce foram desenvolvidas e receberam os nomes de UNESP Maria Isabel, UNESP Maria Rita e UNESP Maria Eduarda, em homenagem ao trabalho de mulheres da Instituição engajadas na causa da segurança alimentar. As novas variedades – que já estão registradas no Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) – foram obtidas a partir de cruzamentos naturais promovidos em campo entre plantas pré-selecionadas, cedidas pelo Centro Internacional da Batata de Moçambique, na África. “Após os cruzamentos, cerca de 5 mil sementes foram geradas e semeadas para avaliação. Para chegar às três variedades, cerca de mil plantas filhas passaram por estudos mais aprofundados, até resultar nas que tiveram as melhores performances”, destaca o docente.

Essencial para o sistema imune

A vitamina A é importante para a visão e para o desenvolvimento, crescimento e a manutenção do sistema imunológico. Além disso, é importante para manter as mucosas saudáveis, que atuam como barreiras de proteção contra infecções. De acordo com o Ministério da Saúde, estudos têm mostrado que a vitamina A também age como antioxidante, combatendo os radicais livres que aceleram o envelhecimento e estão associados a algumas doenças. As carências alimentares, a síndrome de má absorção e o consumo abusivo de álcool estão entre as principais causas para a insuficiência desta vitamina. Entretanto, é preciso ter cautela no uso de vitamina A, uma vez que, em excesso, pode ser prejudicial ao organismo. Portanto, a suplementação oral só deve ser feita com orientação médica.

Onde encontrar! 

  • Frutas e legumes amarelos, alaranjados ou vermelhos, a exemplo da batata-doce, cenoura, abóbora, pimentão vermelho e amarelo, pêssegos, mamão e manga, entre outros.
  • Alimentos verde-escuros, como brócolis, espinafre, escarola e salsa.
  • Alimentos de origem animal, como vísceras (principalmente fígado).
  • Gemas de ovos.
  • Leite integral e seus derivados (manteiga e queijo).
  • Alguns frutos de palmeira e seus óleos, a exemplo de dendê, buriti, pequi, pupunha e tucumã.

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