Alteração da microbiota no câncer colorretal

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Alteração da microbiota no câncer colorretal

Escrito por: Adenilde Bringel

Dados da literatura sugerem que o risco de câncer colorretal está fortemente associado a fatores de estilo de vida, incluindo um componente dietético que pode ser mediado pela microbiota intestinal. Estudos recentes demonstraram, ainda, que a microbiota do cólon é alterada em pacientes com a neoplasia. Além disso, já foi comprovado que bactérias probióticas específicas modulam a inflamação e reduzem a proliferação tumoral em modelos animais de carcinogênese e podem oferecer benefícios terapêuticos para pacientes com a doença.

Para comprovar os achados, pesquisadores norte-americanos realizaram um estudo clínico visando investigar a composição da microbiota de pacientes com câncer de cólon – em comparação com controles sem a doença neoplásica ou inflamatória.  Além disso, avaliaram o potencial de probióticos para modificar a microbiota do cólon. O estudo envolveu a análise de amostras de biópsia obtidas da mucosa e do tumor durante a colonoscopia de 15 pacientes com a neoplasia. Amostras subsequentes foram colhidas na cirurgia do tumor e da mucosa próxima.

“Para avaliar a ação dos probióticos, oito desses pacientes receberam dois comprimidos diários de Bifidobacterium lactis Bl-04 e Lactobacillus acidophilus NCFM”, relatam os autores. Amostras fecais foram obtidas após a colonoscopia antes de iniciar a intervenção e durante a cirurgia. Além disso, 21 biópsias de mucosas de controles sem câncer foram obtidas durante a colonoscopia, seguidas de amostras fecais posteriores. A microbiota colônica e fecal foi avaliada pelo sequenciamento de amplicon do gene 16S rRNA.

Resultados promissores 

A microbiota tumoral foi caracterizada pelo aumento da diversidade microbiana e enriquecimento de vários táxons, incluindo Fusobacterium, Selenomonas e Peptostreptococcus – em comparação com a microbiota do grupo controle. “Pacientes com câncer de cólon que receberam probióticos tiveram uma maior abundância de bactérias produtoras de butirato, especialmente Faecalibacterium e Clostridiales spp no tumor, mucosa não tumoral e microbiota fecal”, relatam os autores. Ao mesmo tempo, os gêneros associados à neoplasia, como Fusobacterium e Peptostreptococcus, tendiam a ser reduzidos na microbiota fecal de pacientes que receberam os probióticos.

De acordo com os autores, pacientes com câncer de cólon abrigam uma assinatura de microbiota distinta no tecido tumoral e na mucosa próxima, que foi alterada com a intervenção probiótica. “Como a microbiota associada ao câncer colorretal está sendo continuamente definida à medida que novos biomarcadores da doença são descobertos, a disbiose microbiana observada em pacientes pode ser manipulada por bactérias probióticas”, acentuam.

Dessa forma, os autores afirmam que as cepas probióticas usadas no estudo se mostram promissoras como um componente benéfico do tratamento e desenvolvimento terapêutico no câncer colorretal, uma vez que a microbiota do cólon é alterada pela doença. “Nossos resultados mostram promessas de potenciais benefícios terapêuticos nessa neoplasia pela manipulação da microbiota”, argumentam. O artigo ‘Intestinal microbiota is altered in patients with colon cancer and modified by probiotic intervention’ foi publicado em 2017 no BMJ Open Gastroenterology .

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