Microbiota intestinal na patogênese da DII

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Probióticos e prebióticos na doença inflamatória intestinal

Escrito por: Elessandra Asevedo

Fatores genéticos, ambientais e microbianos contribuem para o desenvolvimento da doença inflamatória intestinal (DII) – doença de Crohn e retocolite ulcerativa. E, embora a etiologia dessas doenças permaneça obscura, acredita-se que sejam o resultado de respostas imunes a fatores ambientais ainda indeterminados no trato gastrointestinal de hospedeiros geneticamente suscetíveis. Atualmente, existem muitas evidências que apoiam a hipótese do envolvimento da microbiota intestinal na patogênese da DII, que tendem a ocorrer no cólon e no íleo distal, locais que contêm as maiores concentrações bacterianas intestinais.

A composição da microbiota intestinal em pacientes com DII tem sido extensivamente estudada na última década. Dessa forma, numerosos estudos revelam que a microbiota fecal tem uma composição diferente em pessoas com a doença em comparação com indivíduos saudáveis. No artigo ‘Intestinal microbiota, probiotics and prebiotics in inflammatory bowel disease, pesquisadores da Eslovênia descrevem o papel da microbiota intestinal na DII e os possíveis mecanismos de alguns probióticos e prebióticos no tratamento dessas doenças e na manutenção da remissão.

De acordo com o artigo, os resultados de vários estudos clínicos sugerem que a adição de probióticos específicos à terapia convencional na colite ulcerativa ativa pode ser benéfica. Da mesma forma, probióticos específicos, como Escherichia coli Nissle 1917 e a mistura multiespécies VSL#3, são provavelmente tão eficientes quanto a terapia de manutenção padrão com anti-inflamatório mesalazina. “Assim, poderiam substituir a medicação ou ser usados como adjuvante à terapia padrão para aumentar potencialmente a duração da remissão”, afirmam os autores. As diretrizes clínicas para o tratamento da bolsite, de 2009, também indicam o uso do VSL#3 após tratamento com antibióticos ou com várias recorrências, mas não sugerem probióticos para o tratamento da bolsite aguda.

Entretanto, os autores ressaltam que estudos clínicos que investigam o tratamento da doença de Crohn ativa com probióticos são escassos. “Apenas algumas pesquisas de alta qualidade foram realizadas para avaliar a eficácia dos probióticos na manutenção da remissão alcançada com terapia médica padrão ou ressecção cirúrgica na enfermidade”, informam. Por isso, atualmente ainda não é recomendado o uso de probióticos para manutenção da remissão da doença de Crohn.

Potencial futuro

Para os pesquisadores eslovenos, os probióticos e prebióticos têm grande potencial para futuras abordagens terapêuticas na doença inflamatória intestinal. No entanto, mais pesquisas são necessárias para identificar cepas probióticas específicas ou as combinações e substâncias prebióticas que serão mais eficientes para terapias de diferentes tipos e estágios de atividade da inflamação intestinal. “Probióticos ou prebióticos podem atingir o efeito terapêutico na DII através de muitos mecanismos diferentes, pois influenciam a composição da microbiota intestinal e alteram as propriedades metabólicas do microbioma”, reforçam.

Definições

Probióticos são microrganismos vivos específicos que, quando ingeridos em quantidades suficientes, podem promover a saúde do hospedeiro. Já os prebióticos são ingredientes alimentares não digeríveis que estimulam seletivamente o crescimento bacteriano favorável e também promovem a atividade de um número limitado de bactérias promotoras da saúde, beneficiando o hospedeiro. O artigo foi publicado em 2014 no World Journal of Gastroenterology.

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