Trombose é comum nos membros inferiores

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Trombose venosa demanda atenção imediata

Escrito por: Fernanda Ortiz

Caracterizada pela coagulação do sangue no interior das veias e pela obstrução do sistema nervoso, a trombose venosa profunda (TVP) é uma doença grave que demanda atenção imediata. Com sintomas como edema, dor, calor, vermelhidão e rigidez da musculatura na região em que o trombo se forma,  a condição pode acometer qualquer veia do corpo. Entretanto, é mais comum nos membros inferiores. Sem o tratamento adequado, um fragmento de coágulo pode se desprender e migrar para os pulmões causando embolia pulmonar, enfermidade potencialmente fatal.

Recentemente, um estudo conduzido pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), com dados do Ministério da Saúde, revelou índices alarmantes sobre a doença no país.  Em 2023, o Brasil atingiu um recorde no número de casos, com média diária de 165 hospitalizações na rede pública de saúde entre janeiro e agosto. Além disso, o levantamento apontou que, no período entre janeiro de 2012 e agosto de 2023, mais de 489 mil brasileiros foram internados com diagnóstico de trombose venosa.

A imobilidade prolongada, em decorrência de viagens longas, internações hospitalares, imobilização por fraturas ou outros motivos e repouso após cirurgias, é o principal fator de risco. No entanto, outras condições, a exemplo de lesões nos vasos, desequilíbrios de coagulação, predisposição genética, idade avançada, obesidade, varizes e tabagismo também podem levar à formação dos trombos no sistema venoso profundo.

De acordo com a ginecologista e obstetra Venina Viana, presidente da Comissão de Tromboembolismo Venoso e Hemorragia na Mulher da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), é preciso atenção especial com as mulheres, que apresentam maior probabilidade de desenvolver a doença. “O uso de hormônios femininos, como anticoncepcionais ou tratamento de reposição hormonal, podem representar fator de risco para a incidência de trombose”, explica.

A especialista, que também é médica assistente do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), lembra que durante a gestação – especialmente nos meses iniciais e logo após o parto –, é preciso ter mais atenção, pois as chances de desenvolver trombos são maiores.

Sintomas e diagnóstico

Pacientes com trombose venosa profunda costumam apresentar sintomas isolados ou concomitantes, como dores, inchaço, rigidez e vermelhidão nas pernas. Como na maioria dos casos o acometimento é mais comum nos membros inferiores, os pacientes precisam estar atentos aos sintomas e fatores de risco associados e buscar assistência médica imediata. “Os sintomas surgem de maneira rápida e não apresentam melhora, podendo piorar progressivamente e evoluir para quadros mais graves de embolia pulmonar na ausência de tratamento adequado”, alerta a médica.

O diagnóstico é individual e baseado nas apresentações clínicas e relatos do paciente, que precisa estar alerta a alterações e sinais no membro afetado. Para a confirmação, é necessária a realização de uma ultrassonografia com doppler colorido para definir a extensão da trombose e quais os segmentos venosos foram acometidos. “Somente um médico especializado pode fechar o diagnóstico e indicar a terapêutica adequada”, orienta.

De acordo com a ginecologista Venina Viana, o tratamento farmacológico, especialmente com uso de anticoagulantes, costuma ser muito eficaz. Entretanto, outros medicamentos e cuidados, como o uso das meias elásticas de compressão graduada, podem ser recomendados a depender da resposta, extensão dos danos e quadro clínico do paciente. 

A prevenção da trombose venosa profunda envolve cuidados ao longo de toda a vida. “A melhor forma de prevenir a doença é manter um peso saudável, praticar atividade física regular, manter-se hidratado, não fumar e, no caso de pacientes com varizes, fazer uso de meias compressoras”, recomenda a especialista. Além disso, no caso das mulheres é importante consultar o ginecologista antes de iniciar o uso de anticoncepcionais ou tratamentos hormonais, escolhendo a opção mais adequada de acordo com idade e situação clínica.

Atenção aos sinais

  • Dores
  • Edema
  • Calor
  • Rigidez e vermelhidão 

Fatores de risco

  • Imobilidade prolongada
  • Lesões nos vasos
  • Desequilíbrios de coagulação
  • Predisposição genética
  • Idade avançada
  • Obesidade
  • Varizes
  • Tabagismo

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