Sistema obrigatório em qualquer produto regulado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os rótulos apresentam informações nutricionais dos produtos industrializados, através da indicação de ingredientes, porcentagem em valor diário, calorias e outros elementos. Para melhorar essa comunicação, uma nova regulamentação determinou a inclusão de uma lupa preta nas embalagens com a expressão ‘alto em’, indicando se o alimento ou a bebida contêm elevados percentuais de açúcar adicionado, gordura saturada ou sódio.
Segundo a mestre em Ciências e Tecnologia dos Alimentos Camila Lima, docente do curso de Nutrição do Centro Universitário de Brasília (CEUB), tal avanço possibilita praticidade, mais consciência e direcionamento aos consumidores. “A rotulagem nutricional é uma ferramenta fundamental para conhecer a composição do alimento, especialmente industrializados e ultraprocessados. Com a inclusão da lupa, a Anvisa amplia o nível de informação e fornece uma base para escolhas de consumo mais conscientes com reflexos diretos na saúde”, avalia.
Ao sinalizar que o produto carrega teores elevados de açúcar adicionado, gordura saturada ou sódio – isolado ou conjuntamente – em quantidades superiores ao indicado por especialistas, a lupa cumpre a função de indicar que o consumo excessivo daquele determinado alimento pode causar danos à saúde. “Entre as doenças relacionadas à alta ingestão dos elementos destacados na lupa estão doenças crônicas não transmissíveis como obesidade, hipertensão, hipercolesterolemia e diabetes, assim como alguns tipos de câncer”, enumera.
De acordo com a docente, embora a lupa preta nas embalagens não seja um indicativo de proibição de consumo, acaba sendo um alerta para as escolhas alimentares. A especialista ressalta, ainda, que os produtos não precisam ser necessariamente excluídos da dieta, mas consumidos com moderação e – sempre que possível – substituídos por opções mais saudáveis. “É importante lembrar que o Guia Alimentar para a População Brasileira recomenda evitar os ultraprocessados (mesmo que sejam reformulados), priorizando a ingestão de alimentos in natura e minimamente processados, que contribuem para o pleno funcionamento do organismo e para o bem-estar geral”, finaliza.
Prazo de inserção nos rótulos
Os fabricantes tiveram prazo de um ano a partir da entrada em vigor da nova norma para adequar a tabela de informações nutricionais no rótulo e incluir a lupa frontal nos alimentos e bebidas. No caso dos pequenos produtores, o prazo vence em outubro deste ano. Já as bebidas em embalagens retornáveis têm até outubro de 2025 para padronizar e inserir as lupas nos rótulos.
